NOTA INFORMATIVA
Amigos e irmãos, a Federação de Luta Tradicional Lusitana - Maluta (Goinomixun Leukuir ke Gauruni, ou GLG), não tem a pretensão nem a presunção de sermos os melhores ou os únicos detentores da verdadeira luta tradicional lusitana, a Gauruni. O nosso objectivo primeiro é o renascimento e a revitalização desta antiga luta tradicional lusitana, quer ela seja denominada oficialmente de Gauruni, quer ela continue (ainda) a ser denominada pelo seu nome português de Maluta. Isto para nós não é o mais importante, importante sim, é que esta luta antiga continue a ser identificada como lusitana (e não portuguesa) e a pertencer às tradições lúdico-culturais lusitanas. Os poucos passos que já demos e o longo caminho que ainda nos falta percorrer, não nos fará esquecer quem somos, de onde viemos e para onde queremos ir. O objectivo maior da GLG será sempre a revitalização desta luta tradicional e consequentemente o seu ensino aos filhos da terra, aos verdadeiros lusitanos. Através de um modelo sério, tradicional e com qualidade, baseados na Fraternidade, no Companheirismo e na Solidariedade, factores estes que deverão ser cumpridos e assumidos por todos, sejam instrutores, alunos ou lutadores. As nossas aulas estão abertas a todos os lusitanos étnicos, que se assumem como tais e não como portugueses, membros da nossa comunidade nativa, nesta primeira fase que só agora iniciámos, posteriormente após o reconhecimento oficial da existência do nosso povo nativo lusitano como entidade étnica distinta do povo neolatino português, e da nossa Nação Lusitana (ou região da Lusitânia) pelo poder central português, é que nós iniciaremos uma segunda fase do nosso percurso com a abertura e o ensino da luta aos portugueses e a outros estrangeiros. Na nossa escola, nas nossas aulas, todos os lutadores deverão seguir um código de conduta, como aliás o tinham os nossos antepassados directos e fundadores das artes marciais e dos desportos de combate lusitanos, por isso, o ego e o orgulho ficam fora (e apenas dentro do foro privado de cada um), na nossa escola de ensino não existe lugar para protagonismos, narcisismos, vaidades ou vedetismos (tão característicos entre as elites portuguesas) nem para heróis com pés de barro. Os nossos heróis são o povo humilde e trabalhador anónimo do quotidiano. Nós lusitanos, sempre fomos um povo simples, rústico, leal, frontal, respeitador da palavra dada, decidido na acção e lutador. Os séculos porque passámos de colonização romana, de violência goda e de domínio português, cujas gentes arrogantes, pretensiosas, traiçoeiras, manhosas, interesseiras, corruptas, materialistas e fracas poderão ter deixado muitos dos seus defeitos, mas que no fundo, pouco alteraram o carácter lusitano do nosso povo nativo. A Humildade, a Honestidade, a Fraternidade, a Solidariedade, a Sinceridade e a Coragem, estão entre os valores que mais cultivamos. Todos agimos e vivemos em prole de uma comunidade, para o bem do grupo que está inserido num mundo diverso e plural. Nós acreditamos na diversidade dentro da unidade. Nós preparamos os nossos lutadores não apenas para o seu combate, mas também para a luta do quotidiano, onde devemos respeitar e ser respeitados, seja através do nosso trabalho, da nossa maneira de ser ou das tradições que queremos continuar a pertencer. A Gauruni é maior do que todos nós individualmente falando, por isso todos os seus praticantes deverão encarnar o seu espírito que nos foi deixado pelos nossos antepassados directos. Honremo-los. Não esqueçamos a vida que eles deram pela sobrevivência do nosso povo e da nossa maneira de viver. Sejamos o que foram os nossos avós. Sejamos livres. E ao mesmo tempo sigamos o nosso próprio caminho à nossa maneira, mas sem impor a nossa vontade aos nossos semelhantes, sem traições nem negativismos, sem vencedores nem derrotados. Nós não necessitamos de nos pormos em bicos de pés nem de denegrir a imagem ou o trabalho (mesmo que falso ou errado) de outros para aparecermos. Sigamos o nosso próprio caminho. Aprendamos com os nossos próprios erros. Só assim conseguiremos vencer-nos a nós mesmos e ultrapassar os nossos adversários e os inimigos do nosso povo nativo lusitano. Não queremos entrar em políticas de quem é o quê, nem transformar uma arte tradicional milenária num preconceito, numa moda ou num negócio. Mas queremos reviver esta arte que os nossos ancestrais nos deixaram como parte do nosso património cultural que não pode continuar a morrer como já aconteceu a tantas outras artes tradicionais da nossa herança étnico-cultural que desapareceram para sempre devido ao esquecimento, à indiferença, à discriminação, à arrogância e à opressão do poder central português. Só temos de assumir quem somos e de lutar por aquilo em que acreditamos. A Gauruni é um elemento unificador duma causa maior, independentemente da pessoa que somos, do mundo que queremos ou da verdade "absoluta" que defendemos. Mas como acontece com tudo na vida, a escolha será sempre do praticante e do lutador. Um abraço e bons combates.